domingo, abril 30, 2006

Cada vez mais raro nos dias de hoje


«Acerca daquilo de que se não pode falar, tem de se ficar em silêncio»
Wittgenstein in Tractatus, 6.54

Os temas mais caros à humanidade como a vida e o seu sentido, o amor e a morte, têm sido discutidos desde tempos imemoriais; contudo, continuamos sem saber grande coisa sobre cada um desses mistérios. As palavras correm em catadupa, mas simplesmente não chegam lá.

Há alturas em que o silêncio vale mesmo ouro, em que as palavras estorvam mais que um carro estacionado em segunda fila. E hoje em dia parece que temos de ter uma opinião formada sobre tudo, uma adenda na cartola para todo o tipo de conversas e situações. Não há assunto que não seja escrutinado e a verborreia nunca teve tantos meios para se auto-propagar: telemóveis, blogues, jornais, revistas, etc... (é pá! isto pode ser preocupante: interesso-me por estes quatro exemplos que dei e podia dar mais alguns).

Por isso digo que parece cada vez mais raro nos dias de hoje: haver quem viva de forma intensa, mas em silêncio, aquelas experiências que de alguma forma nos ultrapassam. Falar nessas alturas é uma pedrada que destoa e arriscamo-nos a não dizer mais que meras banalidades.

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