Nota do Provedor
.Olá estimadíssimas pessoas! Venho informar-lhes que este beco dos apetecimentos estará temporariamente sob a minha alçada, o que equivale a dizer que selo estes apetites até ordens superiores em contrário. Como os poucos (e porventura cautelosos) aventureiros que passaram ao largo desta selva de palavras se terão apercebido, urgia tomar o lugar do escriba que afincadamente tem feito por nada dizer, cedendo em requebros oitocentistas a uma ligeiríssima indisposição, vulgo azia. Movo-me escrupulosamente pelos coevos princípios da austeridade: poupança extensível ao celestial reino da blogosfera. Nada de desbaratar bits internáuticos com dislates inconsequentes. As palavras são caras e custam tempo. Como todo o provedor moral, penso nos pobres leitores que investiram segundos preciosos a avaliar da futilidade deste espaço. Quero terminantemente pôr cobro a esses maus investimentos, vai daí ter-me sido incumbida a tarefa (presumo que chamar-lhe serviço público não soaria forçado) de lhe atirar areia para os olhos durante uns tempos, a ver se lhe dá para ler e escrever como gente. Contudo, apesar de um certo desencanto meu, reside em mim, no hipotético crente em regenerações individuais, a esperança - ainda reside, sim - de que o meu caro antecessor renove a frota de apetites ao longo do seu interregno, confiando eu que alguns possam suscitar matéria aprazível para figurar nuns quantos esparsos caracteres. Muito gostaria eu que a areia que lhe atiro aos olhos o reenviasse para uma introspectiva travessia no deserto, a fim de que dessa experiência saísse com a pele tisnada e endurecida como curtume, que é o mesmo que dizer: mais fortalecido.
Atenciosamente, O Provedor(aquele a quem lhe apetece e verdadeiramente prova, e que, consoante os casos, aprova ou reprova).
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