terça-feira, outubro 21, 2014

Butterfly wings




Jean Dubuffet



quarta-feira, outubro 15, 2014

Love ride






Come on I wanna 
take you for a ride.
I know you don't feel safe,
but it's alright.
Cos' I really just have too much to dream 
tonight.
Now I know this place,
it ain't far from here,
where you can love me
all night.

I wanna take you for a ride
I wanna take you for a love ride
tonight.

It's so warm and cosy.
And we can rest our 
troubles, sorrows.
We can heal our damaged bodies.
And in this hideout
we can love the right way.
We can love the wrong way.
We can love
any way.

Just let me take you for a ride
let me take you for a love ride
tonight.

(...)



quarta-feira, outubro 08, 2014

You "sing to me, beautiful one"






terça-feira, outubro 07, 2014

Assim



Tamara de Lempicka, Sleeping woman (1935)


Na galeria, há largos minutos frente ao quadro. Pensa no quanto gostaria de saber e poder pintá-la assim. Estivesse ele na vez da pintora e teria podido demorar-se no seu quarto e contemplá-la assim. E sorri porque se imagina a protelar ao máximo a conclusão do quadro. Não tendo o olhar nem o dom de Lempicka, ele sabe que não haveria outro modo senão o de pintá-la assim. Só de olhar para o quadro, crê que quando fecha os olhos, é esta a imagem que traz consigo até adormecer, e que quando acorda, acorda com o desejo de a poder observar assim, mas, desta feita, deitada a seu lado, tão serenamente entregue ao sono, recebendo a luz da manhã que parece implorar por banhá-la assim.
(O Rumo Que Dou A Certas Ficções)



segunda-feira, outubro 06, 2014

O sonho




Sonhe com aquilo que você quer ser,
porque você possui apenas uma vida
e nela só se tem uma chance
de fazer aquilo que quer.

Tenha felicidade bastante para fazê-la doce.
Dificuldades para fazê-la forte.
Tristeza para fazê-la humana.
E esperança suficiente para fazê-la feliz.

As pessoas mais felizes não tem as melhores coisas.
Elas sabem fazer o melhor das oportunidades
que aparecem em seus caminhos.

A felicidade aparece para aqueles que choram.
Para aqueles que se machucam
Para aqueles que buscam e tentam sempre.
E para aqueles que reconhecem
a importância das pessoas que passaram por suas vidas.

Clarice Lispector



Leituras mais "sérias"



Apetece-me escrever sobre uma das primeiras feiras do livro com que me deslumbrei. Devia ter uns 12 ou 13 anos. Lembro-me de cirandar por entre as mesas da biblioteca da escola, onde decorria a pequena feira, meio perdido e fascinado com a quantidade de livros, com o colorido das capas, com todos aqueles nomes de autores que eu desconhecia. Corri as mesas todas à procura do livro ideal para fazer o salto para outro tipo de leituras que não os livros de "Uma Aventura" ou os enigmáticos casos do sr. Hitchcock. Algo que não o intimidatório Eça. Nisto ia trocando impressões com um amigo, igualmente aficionado por livros. Passávamos livros para as mãos um do outro e perguntavamo-nos que tal este ou aquele autor, se o livro valeria a pena. Mas nem eu nem ele tínhamos propriamente quem nos guiasse nas obras a ler. A descoberta era um acto da mais individual liberdade. A dada altura notei que a minha professora de português andava por ali a folhear, lendo na diagonal uma ou outra passagem. Cheguei-me timidamente ao pé dela e perguntei-lhe o que achava do livro que tinha escolhido - era o "Diário" de Anne Frank. Sorriu, acrescentando que seria um bom começo para leituras mais "sérias". E a verdade é que foi mais que isso. Foi um feroz abrir de olhos para o mundo. A primeira grande descoberta nesse universo de palavras e sentimentos, que por vezes nos batem tão ou mais forte que a própria realidade.



sábado, outubro 04, 2014

Estás Só



Estás só. Ninguém o sabe. Cala e finge.
Mas finge sem fingimento.
Nada 'speres que em ti já não exista,
Cada um consigo é triste.
Tens sol se há sol, ramos se ramos buscas,
Sorte se a sorte é dada.

Ricardo Reis, in "Odes"



sexta-feira, outubro 03, 2014

Rumo ao farol


Caminho à beira-mar. O areal a perder de vista e não se vê quase vivalma. Estamos no Outono, mas o sol ainda aconchega a pele. O mar já mais revolto, mas ainda com as cores e os reflexos do Verão. Os sulcos na areia, feitos pelos tractores da faina, parecem trincheiras onde, há algumas semanas atrás, centenas de pessoas se esticavam sobre as toalhas. Vou a um passo regular, sem pausas. As minhas pernas dizem-me que poderia fazê-lo indefinidamente. Lá muito ao longe o farol, que vislumbro por entre uma névoa muito ténue. No meu íntimo quero elegê-lo como destino. Mas não importa se não for hoje, nem amanhã, nem depois. Enquanto caminhar assim à beira do mar, sentir-me-ei sempre acompanhado, como se me fundisse na sua imensidão. O que verdadeiramente importa não é aonde vou chegar. É o agora. E toda a beleza à minha volta. O areal vai-se tornando cada vez mais uma tela lisa onde vão escasseando as pegadas. As dunas invioladas, alisadas pelo vento. Sensação de deixar a civilização para trás se exceptuar alguns detritos humanos que o mar repeliu das entranhas. No declive de uma duna, restos de pneus, garrafas e cordame encontram-se dispostos formando a palavra AMOR. Quem terá sido? E desde quando é que ali está? O mar conta-me histórias duras, de inclemência, de tenacidade, de esforço e superação. O mar é verdadeiro em tudo o que conta. E tantos a dizerem que é traiçoeiro. Mas não faço coro com essas vozes. Temperamental, sim. Com muitos estados. Que podem mudar de um instante para o outro. Mas ninguém pode dizer que lhe desconhece a verdadeira natureza. Lembro-me de assistir, era eu ainda criança, ao meu pai e outros senhores a transporem o areal num ápice e atirarem-se ao mar para socorrer um senhor que se estava a afogar e que chegou mesmo a ser engolido e a sumir-se da nossa vista. E o mundo como que suspenso, longamente suspenso, até ao instante em que os seus vultos emergiram à tona. O mar é como é e também daí o seu fascínio. Perdi a noção do tempo. Parece-me que estou muito longe de tudo. Passo por bandos de gaivotas. Tão imóveis à minha passagem, que parecem hipnotizadas pela força do mar. Mais à frente, por entre guinchos, as escamas prateadas de um carapau a servir-lhes de festim. Pequenas conchas reluzem na areia, lambidas pela espuma da rebentação. A areia quente sob os pés, o vaivém das ondas mesmo ao lado, o vento no rosto, os salpicos de maresia, tudo é conforto. E sabe bem sentir os músculos das pernas a retesarem-se, contrariando velhos hábitos. Durante todo este tempo, cruzei-me apenas com um senhor que vinha a correr, os pés a chapinharem na fina película de água remanescente que aguarda por uma nova onda a despenhar-se. Também ele terá a sua relação especial com o mar. Não há como não ter.



quinta-feira, outubro 02, 2014

«O Mar»




Nascer... morrer..., nada perguntes.
São simplesmente acontecimentos.
No meio, um mar tempestuoso.
E isto é o que sabemos.

No meio, um mar, sobre as suas ondas
confiadamente naveguemos
deixando-nos levar, deixando-nos
levar... Nossas paixões são seus ventos.

Bem que de súbito se soltem
poderes que não conhecemos,
e se povoe nossa solidão
de promontórios de mistério,

siga a nave o seu caminho
real contra o incerto,
siga a vida, siga sempre, avance
tenaz seu rumo contra o pensamento.


Alfonso Costafedra




quarta-feira, outubro 01, 2014

One possible "love" definition




"Não consigo apreciar a música porque também tu não a podes apreciar" in "Children of a Lesser God" filme de Randa Haines (1986), com William Hurt no papel de um professor de linguagem gestual e Marlee Matlin no papel de surda-muda. Escolhi esta, mas o filme está cheio de definições pela positiva.



Alexander Payne "Nebraska"





Grande Bruce Dern.