Assim
Tamara de Lempicka, Sleeping woman (1935)
Na galeria, há largos minutos frente ao quadro. Pensa no quanto gostaria de saber e poder pintá-la assim. Estivesse ele na vez da pintora e teria podido demorar-se no seu quarto e contemplá-la assim. E sorri porque se imagina a protelar ao máximo a conclusão do quadro. Não tendo o olhar nem o dom de Lempicka, ele sabe que não haveria outro modo senão o de pintá-la assim. Só de olhar para o quadro, crê que quando fecha os olhos, é esta a imagem que traz consigo até adormecer, e que quando acorda, acorda com o desejo de a poder observar assim, mas, desta feita, deitada a seu lado, tão serenamente entregue ao sono, recebendo a luz da manhã que parece implorar por banhá-la assim.
(O Rumo Que Dou A Certas Ficções)
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