quinta-feira, junho 29, 2006

A entrevista com o mascador de pastilha



(tirado daqui)



Tenho o hábito de mascar pastilha elástica antes de um exame ou de outra qualquer circunstância que possa bulir-me com os nervos. Acho que é uma forma válida de lidar com o stress. Neste caso ajuda-me a triturar molarmente o stress.

Então não é que - fruto de um esquecimento, distracção ou "simplesmente" estupidez inqualificável – me esqueci de deitar fora a pastilha antes de entrar no gabinete onde iria decorrer a entrevista de emprego?!

Bem me parecia que no decurso da entrevista, o meu discurso saía de uma forma um tanto ou quanto estranha ou para ser mais correcto, parecia que as palavras se embrulhavam umas nas outras. E tudo isto, sem que eu associasse o fenómeno ao facto de continuar a mascar a maldita pastilha, embora muito ligeiramente (ao menos isso!). Estava tão concentrado a ponderar nas respostas que devia dar, a medir as palavras com régua e esquadro, que me esqueci por completo desse pequeno grande pormenor. E os pormenores costumam fazer a diferença.

Inconscientemente, cometi um daqueles erros crassos que certamente me terá desqualificado logo à partida perante o olhar escrutinador da entrevistadora. Embora ela não tenha feito nenhum reparo, vendo as coisas à posteriori, não acho que lhe tenha passado despercebido.

Não quis deixar de partilhar este triste episódio (que só me indignifica), a título de exemplo do que não se deve fazer numa entrevista de emprego. Mas infelizmente não há consolação possível para uma confissão deste género. Assim, este post só tem mesmo cabimento na medida em que espero que também ele sirva de lembrete óbvio (mais um!) por esses anos fora...


quarta-feira, junho 28, 2006

Post de auto-promoção descarada


Inacreditável! Um peluche, uma ruiva escultural... As coisas que se passam aqui !



A ciclópica Enciclopédia da Mente (4)

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(roubado aqui e ligeiramente alterado por mim)



A Mente e os Jogos


Há dias em que a mente joga connosco aos dados. Ou melhor: em que ela se assume como uma espécie de Kasparov inexpugnável, que nos derrota em toda a linha do tabuleiro de xadrez. Cada jogada nossa parece uma contradição que acarreta outras subsequentes. E sem quase darmos por ela, tal o nosso amadorismo, já oferecemos o jogo de bandeja ao adversário.


(clique para ver os tomos nº 1 , 2 , 3)

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P.S. Isto de enciclopédia só tem mesmo o nome (creditação científica e coerência editorial, nem vê-las), mas a continuar assim, qualquer dia sujeita-se a dar umas contribuições aqui...

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terça-feira, junho 27, 2006

Eclipses geométricos

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(Mordillo)


Era uma vez uma esfera dentro de um rectângulo, que rolava em directo para todos os lares por via de outro rectângulo, e que por sua vez eclipsava tudo o que se passava dentro das fronteiras de um rectângulo plantado à beira-mar.



Cat Power "He War"



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He War

I never meant to be the needle that broke your back
You were here, you were here, and you were here
Don't look back

I never meant to be the needle that broke your back
You were here, you were here, and you were here
Don't look back

He war he war
He will kill for you
He war he war
He will kill for you
From who you can
You know you can

Hey hey heeeyyy (x4)
I’m not that hot new chick
And if you won’t let me run with it
We’re on to your same old trick
Get up and run away with it

I’m not that hot new chick
And if you won’t let me run with it
We’re on to your same old trick
Get up and run away with it

Hey hey hey
He war he war
He will kill for you
Hey hey hey
He war he war
He will kill for you
Hey hey hey
From who you can
Hey hey hey
You know you can

Hey hey hey
He war he war
He will kill for you
Hey hey hey
He war he war
He will kill for you
Hey hey hey
From who you can
Hey hey hey
You know you can


* single do álbum You Are Free (2003).
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segunda-feira, junho 26, 2006

Fotogramas de luz




(Stevyn Llewellyn, "Fashion Illustration 1")


Com a chegada do tempo estival: mudam-se os tempos, mudam-se os apetites, baixam-se os decotes. As roupas querem-se leves, querem-se curtas. Tudo o que é a mais estorva a paisagem e os movimentos.
Sobretudo nas cidades dá-se um fenómeno sem paralelo. Já ninguém liga ao desarranjo urbanístico, à fealdade dos prédios. Onde quer que se vá, para onde quer que se olhe, as pupilas estão invariavelmente centradas na tal paisagem que obnubila tudo o resto.
Reflexos e cintilações de mármore, o beijo do sol na pele bronzeada, cabelos soltos perfumados, óculos de sol por detrás dos quais imaginamos que se ocultam mistérios... Tudo isso que nos faz abrandar o passo e talvez voltarmo-nos por um segundo, para guardarmos mais um fotograma de luz.


domingo, junho 25, 2006

Sushi



Ontem redimi-me de mais um pecadilho. Fui finalmente e pela primeira vez à Sushi, uma discoteca em Leiria. Sendo eu da região e contando já 27 aninhos, este é apenas mais um caso encerrado a juntar ao mais ou menos longo historial de anacronismos e a guardar no arquivo: Nunca é tarde para uma primeira vez”.

Algumas entradas no tal processo:

- Highlights: as bailarinas, Black Eyed Peas (não sou um grande fã deste género de música, mas os temas "Pump it" e "My Humps" funcionam muito bem em ambiente de discoteca), o “Hung Up” da Madonna (de que inexplicavelmente não me canso); caras jovens e bonitas, que ao reparar nelas acentuam em mim (entre outros sentimentos) a sensação de estar irremediavelmente envelhecido.

- Nota negativa: o tema da Nelly Furtado que me "furou" os tímpanos aquando do Euro 2004.

- Hot spots (locais quentes): a ala dos namorados (não confundir com o grupo musical), uma espécie de corredor onde o pessoal se dedica afincadamente ao marmelanço.



sexta-feira, junho 23, 2006

A ciclópica Enciclopédia da Mente (3)

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O tomo 3 da ciclópica Enciclopédia da Mente vê finalmente a luz do dia. (Clique para aceder aos tomos anteriores: nº1 , nº2 , nº4).

Tomo 3: Solidão & novas ofertas de emprego para esta era moderna.

Quantas depressões não estão directa ou indirectamente relacionadas com a solidão? Não acho que seja exagerado afirmar que um dos passos para tornar as coisas mais fáceis seria começar por erradicar o flagelo da solidão. A família, os amigos, as saídas, os livros, os filmes, a música, a internet, a televisão (vá de retro Satanás!... do que me fui lembrar) fazem o que podem. Os hábitos de vida, a preguiça, e uma miríade de outros factores fazem com que nem todos tenham a sorte, o discernimento ou a vontade anímica (etc.) de recorrer a eles, daí que o flagelo pareça estar para durar.

Todos aqueles que lêem jornais, ou que pelo menos os desfolham, já se terão cruzado com a secção dos anúncios. A par dos diversificados tipos de serviços de recreação e relaxamento corporal, sofisticados acompanhamentos, massagens várias, aconselhamentos psicológicos e astrológicos que aí se publicitam, será que qualquer dia ainda nos vamos deparar, nessa secção, com coisas tão disparatadas como estas de que me fui lembrar:


Domesticador(a) mental precisa-se ! ”;

Precisa-se de humorista adepto da filosofia take it easy ! ”.


Não resisto a traçar, ainda que de forma dispersa, algumas das habilitações requeridas e os objectivos a atingir:

- algum know-how na lida com sistemas operativos complexos (mais complexidade gera sempre mais incongruência, a exemplificá-lo temos o cérebro humano, daí a preferência por algum tipo de especialização na área);

- apoio técnico em caso de shut down, bloqueios mentais, ciclos viciosos, intrusões e infecções víricas (certos pensamentos exógenos são tão ou mais devastadores como certos vírus) e de certos estados de alma (apatias, prostrações...);

- capacidade de estimular a actividade cerebral alheia, sem recorrer a eléctrodos (técnica um bocado démodé);

- boa disposição, optimismo contagiante, sentido de humor, iniciativa e muita paciência (os utensílios da praxe);

- estofo ultra-absorvente para fazer de travesseiro nas alturas de choro convulsivo (por precaução: trazer sempre de casa um pacote de lenços de papel);

- basta o 1º ano em FilosofiaTake it easy”, mas é essencial ter transitado às cadeiras: “Amanhã é outro dia”, “Só se vive uma vez”, "O riso é o elixir da vida" ;

- ter participado uma ou duas vezes num concurso local de anedotas (o perfil desejado exclui logo à partida os que tenham participado no “Levanta-te e Ri”);

- saber diversificar o arsenal de anedotas (há um limite para o número de anedotas brejeiras que uma mente, saudável ou não, pode suportar);


Facultativo:

- conhecimentos especiais em adestramento de animais de circo (isto porque costuma agradar à mente mostrar as suas garras afiadas e pensem só nos riscos que daí decorrem...), ou de outro tipo de experiência circense (contudo, dispensam-se o nariz batatudo, as pinturas foleiras e as gargalhadas estridentes);
- curso de animação social;
- conhecimentos, ainda que supérfluos, sobre literatura de auto-ajuda, hermética ou espiritual;


Importantíssimo
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- saber brincar com coisas sérias (com mais tacto do que o teor deste post revela)

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Sonic Youth "Dirty Boots"





quinta-feira, junho 22, 2006

Janelas entreabertas

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(Krystal Tweeddale - "Afterlife")


Os sons do mundo entravam soltos pela janela entreaberta da sala. Reverberações distantes de vida efervescente. Ressonâncias tão díspares e difusas às quais se falha em atribuir origens. A penumbra cobria quase tudo, cingida por uma estreita faixa de luz que fluía a convite de uma distracção (janela que por desleixo ficara aberta), quando o que mais se desejava era o completo esquecimento do dia.


O zero à esquerda das relações humanas

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(roubado aqui e toscamente manipulado por mim)

Ó não! Mais um post do tipo auto-irrisório! Com recurso a imagem explícita e título ambíguo ainda por cima...
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TV on the Radio "Starring at the Sun"






quarta-feira, junho 21, 2006

There's finally music in the house !

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Muito obrigado Ana, pela tua preciosa ajuda!


Com a chegada do Verão...

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É a abalada geral, a começar pela massa cinzenta que parte rumo a paragens mais coloridas...



O Verão e as suas inefáveis promessas...

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(autoria de Jennifer L. Mulvey - Summer)

P.S. Que estranho objecto é aquele que parece sair das costas do homem? Aceitam-se sugestões...




Parabéns maninha!

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(furtado aqui e sofrivelmente manipulado por mim)

Tudo de bom para ti, querida maninha!




terça-feira, junho 20, 2006

Algures entre algo pressentido... a debater-se com a falta de firmeza nos pés...

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A noite ilumina apenas o que a claridade do dia remeteu para a sombra. Nem mesmo a Terra em incansável rotação, pôde expulsar de si a treva que reclamou como seu um naco da sua anódina carne.




Esperas erodidas





(Alexander Lowry "Sea Foam", Waddell Beach, California, 1973)


Ouve à distância o que o mar,
na cadência de milénios furtados ao tempo,
não te cessa de murmurar:

o silêncio de esperas erodidas

nas pedras lambidas pela espuma fria.

31/3/2005



Final Fantasy "This Is The Dream Of Win And Regine"



segunda-feira, junho 19, 2006

Do fascínio de um "clic" à ditadura da imagem

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(Mordillo)

Na selva, que é boa parte do mundo de hoje, é a imagem que impera e dita as suas leis.
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domingo, junho 18, 2006

Incinerate with this!

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... e desengane-se quem julgue que eles já não têm idade para estas coisas!


She Wants Revenge "Tear You Apart"





She Wants Revenge "These Things"



She Wants Revenge "Sister"




Breve apresentação da banda "She Wants Revenge"

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(foto roubada aqui)

A banda é de San Fernando Valley, Los Angeles e é formada por:

- Justin Warfield - vocals, guitars
Adam Bravin ("Adam 12") - keyboards, synth, drumbox

Nas actuações ao vivo fazem-se acompanhar por:

- Thomas Frogatt - guitars
Scott Ellis - drums

Ainda este ano lançaram o álbum de estreia "She Wants Revenge".

Neste artigo, Lane Brown refere que «the band's stated goal is to make girls dance and cry, and they may very well succeed». Já os Franz Ferdinand afirmavam algo de semelhante. Na minha opinião a música que ambas as bandas produzem (bandas muito diferentes entre si, aliás não têm mesmo nada a ver uma com a outra) não cai nem se esgota no que poderia ser uma fórmula. A qualidade e um apurado sentido de renovação dentro dos moldes a que eles se propõem, superam essas etiquetas simplistas, como seja música para dançar.


Quatro vídeos disponíveis:
  • These Things (1ª versão; realização a cargo de Ryan Rickett)
  • These Things (2ª versão; realizado por Sophie Muller e com a participação de Shirley Manson dos Garbage)

Para os mais curiosos e para os que ficaram "agarrados" ao ritmo dos gajos, aqui ficam alguns links:

  • My Space (4 faixas disponíveis para quem quiser ouvir)
  • Clique aqui para ler o artigo de Lane Brown na Spin.com.


sábado, junho 17, 2006

O que tarda em chegar?

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(autor da foto desconhecido)
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O que tarda em chegar neste princípio de tarde?
Um olhar lânguido que me aproxime do teu rosto soalheiro?
Um afago que desanuvie as quezílias e abarque a extensão dos corpos?
Uma resposta que iluda e contente as incertezas?
Palavras que me convençam que elas próprias cairão nulas?
O ruído que rasgue este silêncio e a distância de nós?



15/6/2003


Velhice... uma segunda infância? - Comprimidos e berlindes

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Conheço uma velhinha que quando por acaso calha mostrar-me os inúmeros comprimidos que toma, fá-lo com um entusiasmo só comparável ao dos miúdos quando estes exibem uns aos outros os seus berlindes predilectos.
Berlindes há das mais variadas cores, e há quem lhes atribua funções consoante a cor, para serem usadas em determinadas situações durante o jogo. Depois há também os berlindes especiais, guardadas como último recurso: uma arma secreta providencial... mas isso agora não vem para o caso.
Com os comprimidos é claro que a situação é totalmente diferente, mas a velhinha não deixa de comentar: este da cor vermelha é para as dores, este amarelo para aquilo... este para não sei o quê...


White Rose Movement "Alsation"




sexta-feira, junho 16, 2006

Eclipse

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Eclipsaste o sol.
Lançaste em confusa desorientação
o girassol -
que não sabia para onde voltar-se
nessas brumas que trouxeste.
Ó Astro que desconheces
teu imenso poder gravítico!

Com a secreta melodia
(tão secreta
que nem mesmo tu a apreendias)
encantaste a serpente
que de tempos a tempos emitia
de um coração sem morada
o seu silvo de letargia.

De solos agrestes longamente arredado
por ti acelera a muda de pele
a ti dedica a abrasiva estreia
de um padrão de escamas em filigrana
para ao ritmo entrelaçado da tua dança
reaprender as doçuras e as agruras
do serpentear.

E a sua língua bífida aspira agora
os aromas de um novo pulsar.
E as suas glândulas outrora letais,
pelo teu belo canto inoculadas
segregam agora um perfume docemente inócuo.

Mas cego do teu movimento hipnótico,
se acaso lhe negas a estadia ao ar livre
(quando dás pela sua presença esguia
tão irrequieta ao pé de ti)
e lhe ordenas indiferente a retirada solitária
para o cesto de granja na despensa;
crê na ameaça que o seu despeito,
com prazer e até ao fim, o levaria
(apesar de pouco crível hoje em dia)
a sufocar-se na nova leva do seu próprio veneno.

2/9/2005



Nick Drake "River Man"






Nick Drake "River Man"

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Betty came by on her way
Said she had a word to say
About things today
And fallen leaves



Said she hadn't heard the news
Hadn't had time to choose
A way to lose
But she believes



Going to see the river man
Going to tell him all I can
About the plan
For lilac time



If he tells me all he knows
About the way his river flows
And all night shows
In summertime



Betty said she prayed today
For the sky to blow away
Or maybe stay
She wasn't sure



For when she thought of summer rain
Calling for her mind again
She lost the pain
And stayed for more



Going to see the river man
Going to tell him all I can
About the ban
On feeling free



If he tells me all he knows
About the way his river flows
I don't suppose
It's meant for me

Oh, how they come and go



* do álbum Five Leaves Left, 1970




quinta-feira, junho 15, 2006


Rosetta



Três desejos/pensamentos/constatações simples com que Rosetta (no filme dos irmãos Jean-Pierre e Luc Dardenne, que em 1999 arrecadou a Palma de Ouro), a dada altura, se aconchegou à sua almofada antes de fechar os olhos:


1 - tenho uma vida normal

2 - tenho um trabalho

3 - tenho um amigo


Posteriormente, face à precariedade do tal trabalho e na sequência de ter sido dispensada, um dos seus males foi ter privilegiado a todo o custo o segundo destes três desejos, ao ponto de trair o amigo da forma mais oportunista, para ficar com o lugar dele na venda de gauffres. O não conseguir conjugar esses três desejos, o ter entrado em contradição com eles, terá inviabilizado a hipótese de ter daí em diante uma vida normal. Esboça-se aqui, mas sem nunca se cair no erro de se limitar a essa visão redutora, a questão de como as dificuldades sócio-económicas podem fazer com que se vacile e se descarte certos princípios e valores.
Após a traição, vamos pressentindo um crescente peso de consciência, que nunca é explicitado nem nas falas, nem no olhar cerrado e monolítico de Rosetta, mas que se admite a partir do momento em que ela se desfaz desse emprego, que lhe custou um amigo.
A tentativa de suicídio falhada, por ter-lhe faltado literalmente o gás quando, deitada, já só esperava o derradeiro sono, parece ironia do destino a gozar, mais do que com as dificuldades de gente pobre, sobretudo com o desespero de uma alma às portas do fim. Mas na sequência disto, o final elíptico, redentório (com Rosetta a romper em pranto em cima da nova bilha de gás, que entretanto ela tinha ido buscar, e a ser amparada pelo tal amigo - que ainda há instantes lhe atirava pedras), parece confirmar que nas ironias do destino pode por vezes esconder-se uma providencial tábua de salvação, estendida talvez com idêntica dilação e hesitação sádica a fazer eco com o episódio bastante anterior da demora de Rosetta em estender o galho com que salvou o seu amigo de se afogar.


The Strokes "Heart In A Cage"




The Strokes "Heart In A Cage"

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(foto tirada daqui
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Heart In A Cage
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Well I don't feel better
When I'm fucking around
And I don't write bitter
When I'm stuck in the ground
So don't teach me a lesson
Cause I've already learned
Yeah the sun will be shining
And my children will burn
Oh my heart beats in its cage
I don't want what you want
I don't feel what you feel
See I'm stuck in a city
But I belong in a field
And we gotta laugh, laugh, laugh, laugh, laugh, laugh, laugh
Now it's three in the morning and you're eating alone
Oh my heart beats in its cage
All our friends, they're laughing at us
All of those you loved you mistrust
Help me I'm just not quite myself
Look around there's no one else there
I went to the concert and I fought through the crowd
Guess I got too excited when I thought you were around
Oh you gotta laugh, laugh, laugh, laugh, laugh, laugh, laugh
I'm sorry you were faking; I would steal your fire.
My heart beats in its cage
Yes the heart beats in its cage
Alright
And the heart beats in its cage

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* 2º single do álbum de 2006 First Impressions of Earth, o 3º na discografia da banda.



quarta-feira, junho 14, 2006

Infelizmente, só tenho visto estrelas...

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(Mordillo)



Isolamento auto-infligido

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O mal é uma pessoa habituar-se a bater com a porta mesmo na cara da vida, e depois passar horas e horas a espiá-la pelas frinchas e a escutar o seu riso contagiante a afastar-se, imaginando os caminhos por onde ela irá andar, indiferente à nossa opção de não a termos querido acompanhar.




terça-feira, junho 13, 2006

Mais um lembrete óbvio



Não deixar que defeitos físicos e de personalidade subjuguem o que temos de bom. Desse duelo de opostos sairá com grandes probabilidades - consoante o lado vencedor -, uma pessoa ressabiada consigo mesma ou alguém que se aceitou tal como é, com os seus defeitos e qualidades, e que a partir daí estará mais apta para trabalhar no sentido de corrigir o que não lhe agrada em si e de crescer enquanto pessoa.
Há dias, como este, em que preciso mesmo de um lembrete afixado num sítio onde não passe despercebido. Dias em que uma simples nota mental não chega.
P.S. - Sim, isto já tem antecedentes. Já aqui tinha deixado dois lembretes óbvios... Os lembretes óbvios disseminam-se que é uma coisa doida! Tipo posts (desculpem-me a redundância...) na porta do frigorífico.


A quietude das águas

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O sol banha aquele rosto carregado,
e os poros sorvem a quietude das águas.
Desliza a traineira ao correr do tempo.
E os passageiros ébrios de sonhos,
deixam-se levar na ilusão de um destino.
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segunda-feira, junho 12, 2006

Found her so cute !

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Saw her again (in my image folder), but I still don't have her phone number :(



She's got the power !

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Cat Power "Cross Bones Style", álbum Moon Pix (1998).

O video-clip foi realizado por Brett Vapnek.

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Vida: uma questão de...

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Humanidade bi-polar: entre o amor e a guerra

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Venus and Mars, Sandro Botticelli, 1483.
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domingo, junho 11, 2006

Visão panorâmica

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Verdade Lapalice: ser-se submetido a uma operação cirúrgica está entre aquelas experiências que nos conferem uma visão panorâmica - ainda que anestesiada - da nossa fragilidade. Uma daquelas verdades com que não nos devemos preocupar obcessivamente no nosso dia-a-dia, mas que também não deveríamos descartar com tanta ligeireza.
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sábado, junho 10, 2006

My birthday favourite sound-track

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Pois é, já 27 aninhos e juizinho... nada!

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1 - Um sósia meu... mas com evidente mau-gosto quanto ao vestir e com um penteado mais que duvidoso. Pontos em comum: a barba teimosamente por fazer; os óculos - objecto abominável que só uso para ler, ver TV, etc. É verdade que depois de operado andei uns dias com o nariz vendado e só a conseguir respirar pela boca (nunca mais chega a segunda-feira, dia de check-up), daí que a boca aberta seja mais um ponto que temos (temporariamente) em comum.
2 - Não foi preciso moto-serra. Obrigado mãezinha! O bolinho estava simplesmente delicioso!
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P.S. Não vá haver confusões, quero acrescentar que entre os poucos convidados presentes não se encontravam quaisquer animais, assim como ninguém deglutiu a sua(s) fatia(s) de bolo com animalesca sofreguidão.
P.S.2
A perspicácia a que alude a imagem restringe-se meramente às doses q.b. de discernimento que permitiram a escolha do título para este post.
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Um exemplo de bom profissionalismo

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Há dias quando fui operado, uma enfermeira (lindíssima por sinal), não se mostrou horrorizada ao ver-me tal qual como vim ao mundo.
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terça-feira, junho 06, 2006

666 & 06-06-2006

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Quanto ao número e ao suposto dia da besta, só tenho a dizer que isto de calendários anda tudo avariado. Criam-se dias especiais para tudo e mais alguma coisa, mas quanto a designar-se oficialmente um "Dia da Besta", népias.
Tanta besta que anda por aí* (não é que os veja-ouça-ou-leia com frequência, mas em todo o lado se ouve falar que os há, portanto é como quem diz: lá que os há há) e essas alminhas só têm direito a um dia não oficial, fruto de coincidências numéricas, e que nem sequer é festejado anualmente.
Vejam só que injustiça! Há, inclusivamente, gente** disposta e interessada em reservar um dia para o melhor amigo do homem***, mas ninguém se lembra de homenagear as digníssimas bestas por grandes contributos prestados ao estado anímico da sociedade (as bestas despertam a besta que há em nós, accionam o centro nevrálgico do riso fácil e boçal).
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* A referência não contempla ex-primeiros ministros corridos do posto quase a pontapé, e que na despedida se volatilizaram com a promessa ambígua de "andar por aí"*******.
** Gente que não deve ter mais nada que fazer... Se fossem políticos***** até se compreendia! Provavelmente políticos cinéfilo-nostálgicos, tocados pela mais recente aventura da Lassie, no filme homónimo de Charles Sturridge, que saiu em 2005.
*** Não, não é o blog! É mesmo o dog!****
**** Trocadilho típico de um besta. Digam lá se eles não fazem falta?!
***** Mais um ataque gratuito à classe política, exemplificando uma tirada típica da besta-de-café******.
****** Besta-de-café: emérita espécie, cuja existência faz por inflar o ego alheio, principalmente o dos folheadores-de-jornais-solitários-que-fingem-que-lêem-mas-que-na-verdade-se-comprazem-com-ar-sobranceiro-a-escutar-as-barbaridades-proferidas-na-mesa-do-lado.
******* Pretendia ele dizer que nos iria assombrar, qual avantesma com dons ubíquos, ou tão só que iria ter mais tempo para passeatas a pé?
P.S. Pode parecer, mas isto não é o "Chuva de Estrelas"********
******** Isto para terminar em beleza com um post scriptum amaneirado de besta.


Wish I was a vampire...

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(autoria de
Krystal Tweeddale, "Ebb")



...to bite your neck!



(Efeitos secundários de andar a ler "O Historiador" de Elizabeth Kostova.)


segunda-feira, junho 05, 2006

Até que o adro da igreja nos separe...

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(Mordillo)


Ilustração "shakespeareana"

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"All the world is a stage..."
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domingo, junho 04, 2006

Simplex divino

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Tendo a eternidade à sua frente, a lenta burocracia já não constituiria um travão a nada digno de registo.
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Síndrome de Peter Pan

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Em poucas palavras: quem se recusa a aceitar a ideia de que deixou de ser criança e a assumir que já entrou na idade adulta. Quem persiste em planar sobre a Terra do Nunca.

Os títulos de alguns dos meus posts e o conteúdo de quase todos eles dizem tudo, não é?



sábado, junho 03, 2006

Spot anti-TV (2)

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.A prova disso mesmo é que os terráqueos inventaram uma coisa tão estúpida como a TV.
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Pintor mexicano ou palestiniano?

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Definição pessoal para “Estilhaços”:

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(autoria de Sheri Lynn Thompson)

Desfecho mais que provável num frente-a-frente entre mim e um espelho...



sexta-feira, junho 02, 2006

Desígnio nacional: a anexação espanhola?

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Em cada esquina lusa há um profeta que anuncia alto e bom som: "O messias, o nosso salvador, virá da terra de nuestros hermanos !"

Um messias que virá para construir um reino de paz e justiça onde por estes dias prolifera a ralé. Provavelmente virá numa manhã de nevoeiro, escoltado por D. Sebastião. Se este, em tempos, com a desgraça que semeou em Alcácer Quibir, "entregou" o país aos espanhóis, porque não uma segunda vez? É capaz de ser uma profecia com potencial para agradar a sebastianistas e a iberistas.

Sinais que apontam para esse novo desígnio, segundo a óptica previdente desses profetas? Eis alguns:
- primerio que tudo: a desgraça, o défice, a corrupção, a falta de cultura (cívica, intelectual, iliteracia, etc...), as mentalidades estreitas... enfim, os problemas crónicos que assolam grande parte dos sectores da vida pública em Portugal;
- os colunistas que desistiram do país e o entregariam de bandeja aos nossos vizinhos;

- os partos que se avizinham em Badajoz;
- um número significativo de estudantes que tentam a sua sorte na vizinha Espanha para entrar em Medicina;
- médicos espanhóis têm vindo a fixar-se nos centros de saúde do interior do país, para onde os médicos portugueses não querem ser "desterrados";
- o caso Iberdrola;

- o ministro das obras públicas que confessa a sua costela iberista (fait-divers sobrevalorizado pela direita - CDS-PP - sempre zelosa em matérias de soberania, uma vez que não encontra mais assuntos por onde se afirmar);
- cada vez mais portugueses deslocam-se a Espanha para abastecer o depósito dos carros e para fazer compras de todo o tipo;

- as Mangas, as Zaras e os El Cortes quase tão disseminadas como as lojas chinesas.
O que esses profetas teimam em ignorar é que a Espanha já tem problemas que cheguem com as suas províncias e ficar com mais uma - que ainda por cima se afunda num défice crónico - equivaleria quase a um suicídio colectivo.

Enquanto o nosso desígnio nacional não se desfizer no Mundial, continuamos a ser portugueses e a pendurar a mais bela bandeira nas varandas. Enquanto Figo e companhia pisarem relvados alemães e se ouvir o hino nacional de mão ao peito, os nossos B.I.s estarão a salvo.

Mas e se a Selecção das Quinas ficar a meio caminho no Mundial? Aí as trombetas irão soar, este pequeno rectângulo será varrido pelo apocalipse e as fronteiras a leste e a norte do país acabarão por ruir. Levantar-se-ão então, com grande satisfação, as vozes do costume para que desta vez, em vez de apoiarmos os nossos irmãos brasilêros, apoiemos antes os nuestros hermanos.



Darth Vader Vs Scream

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Os grandes estúdios de Hollywood não são os únicos viveiros de blockbusters. E as garagens não dão exclusivamente à luz cenas alternativas.



quinta-feira, junho 01, 2006

Há Dumbos e Dumbos... (2) O logro dos talismãs

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A capacidade de voar dependia inteiramente da vontade interior do pequeno paquiderme (bem... orelhas assim também ajudam). A pena mágica do Dumbo - arrancada a um corvo por um corvo - (não... não vou começar a recitar o The Crow do E.A.Poe) era um mero talismã, sem qualquer poder real.


Cliché mais que gasto e repisado nos contos infantis e aparentemente nas telenovelas e nos livros de auto-ajuda: o poder para concretizar os nossos altos voos reside unicamente em nós e não em quaisquer ornamentos exteriores.

Como é óbvio, a criança que ainda há em mim não gosta de ouvir essas coisas pirosas. Já o adulto que por vezes se arrisca a ler a XIS... bem, a história é outra.
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