quarta-feira, maio 31, 2006

Spot anti-TV

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Veja bem a que estado chegou a Olívia Palito! Se lhe aconteceu a ela, também lhe pode acontecer a si! Pense duas vezes antes de se escarrapachar na poltrona e ligar a TV!
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2 em 1





"Gimme a bear or I blow your fuckin' head off !"

Homer Soprano dixit




quinta-feira, maio 18, 2006

Improvisos

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O bom português gosta de improvisos, do chamado desenrascanço. Como é lógico, não fujo a essa sacrossanta regra. No meu caso, os improvisos restringem-se sobretudo à esfera musical. É caso para dizer que uma guitarra nas minhas mãos equivale em termos semânticos, principalmente, a três coisas: improvisação, amadorismo e barulho quase intolerável.

Desde os tempos em que calejava os dedos a aprender os primeiros acordes e me esforçava por tocar algo vagamente aparentado com Nirvana (todo o aspirante a guitarrista amador da minha geração não podia prescindir das tablaturas dos gajos...), lá consegui evoluir à custa de muito improviso - por conta própria e risco dos outros - do muito mau para o razoavelmente menos mau. Ainda assim, aconselho, a todos os meus familiares e não só, muita cautela e sobretudo distância em relação ao bastião onde ocorrem os meus ensaios a solo. É que não me apetece arcar com processos judiciais por danos irreparáveis nos tímpanos de quem quer que seja.

Surpreendentemente, até à data, a vizinhança nunca se queixou. Suspeito que motivos não hão-de faltar. Mas vá-se lá perceber as intrincadas leis que zelam pela manutenção das boas relações entre vizinhos. Se fosse eu, havia certos ruídos que eu cá não toleraria. Que digo eu? Então eu não tolero as Mariah Carey e as Celine Dion que por vezes vociferam a altos decibéis de uma aparelhagem das redondezas? Hum... se calhar os males de uns anulam os de outros, e o equilíbrio comunitário, qual funâmbulo, lá prossegue ao longo da corda...


quarta-feira, maio 17, 2006

Ecos do passado percutidos ao longo do filme “Mean Creek / Pequena Vingança”

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Todos nós, uns mais que outros, tivemos o nosso quinhão de humilhação no pátio (e não só) da escola. Algumas nódoas mais insidiosas desses tempos acabam por persistir na roupagem dos anos, coisas que por vezes nem o TIDE máquina (leia-se tempo) consegue erradicar por completo.
Como todos os rapazotes “pisados” (mais a nível psicológico e nunca ao ponto de ficar com marcas semelhantes às que ostentava o rosto de Rory Culkin / “Sam Merric”, após a cena da briga), admito que na altura também eu engendrava planos mentais (que logo descartava) para dar uma lição a muitos desses chico-espertos. Ao contrário do grupo de amigos que no filme resolvem pôr em prática uma lição exemplar, eu, invariavelmente, seguia a via dos fracos: um silêncio mal disfarçado de indiferença, rosto quase impassível (não fosse o olhar nublado e o lábio trémulo), mãos crispadas a conter a ira. Talvez por nessa época ter-me em conta de menino bem-comportado, não me dignava a baixar ao mesmo nível que eles.

Comer e calar não é certamente a melhor forma de se ganhar o respeito de alguém. Mas também não acho que a solução passe por pagar na mesma moeda. Então... que se transacione na altura certa segundo o câmbio mais apropriado? Não é fácil lutar contra esse impulso primário. A verdade é que regermo-nos pela lei de Talião (olho por olho, dente por dente) só perpetua a teia de vinganças. Novos males e desentendimentos serão gerados, numa escalada de consequências negativas que nunca se sabe muito bem até onde podem chegar.

E tudo isto a propósito deste filme de Jacob Aaron Estes. Só que no filme, o tal grupo de amigos conseguiu entrever no suposto “inimigo” (“George”) uma faceta oculta e vulnerável, muito para além das suas gabarolices. Este terá ganho uma dimensão humana insuspeita ao demonstrar possuir sentimentos à partida vedados pela tal “capa” do brigão. Não era tanto o caso de serem invisíveis aos olhos dos que nunca lhe prestaram a devida atenção, porque a culpa residia sobretudo nele, dadas as suas inseguranças e o seu receio em mostrar o seu outro lado.

No que me diz respeito, nunca se deu a oportunidade dos “infernizadores” da minha adolescência sofreram um upgrade na minha consideração. Permanecem, e assim continuarão, no patamar dos que promovem a estupidez e a violência gratuita (física e verbal) como forma de se afirmarem perante os outros.


segunda-feira, maio 15, 2006

Coincidência ou exercício pedagógico?


No Primeiro Jornal da SIC, da tarde de hoje, o seguinte alinhamento noticioso de que vos vou falar deu-me que pensar. A primeira peça noticiosa dizia respeito à onda de violência que varre a cidade de São Paulo e culminava com o presidente Lula a reiterar que o investimento na educação seria essencial para debelar o número de bandidos no país e formar mais doutores. A reportagem que de imediato se sucedeu a esta dava conta de uma burla praticada por um doutor. Ambas as notícias tinham como denominador comum o terem ocorrido no Brasil. Ainda assim pergunto: terá sido esta sequência de notícias uma mera coincidência ou antes um apontamento súbtil sobre a evidência de que um canudo e valores morais não andam necessariamente de mãos dadas?



Não me apetece...


Há dias em que simplesmente não me apetece. Viro-me para o lado no travesseiro e digo: “Hoje não... dói-me a cabeça!”, ou então: “Estou demasiado cansado para isso...

Antes que alguém se interrogue, esclareço que não estava a desfiar o rol de desculpas matrimoniais. Referia-me a não me ter apetecido um post nestes últimos dias de ausência.
E os hipotéticos leitores deste post dirão: “Ya, claro... nós topámos logo! Essa adenda era completamente desnecessária.
Ao que eu responderia: “Estou a ver que a minha vida não deixa espaço para ambiguidades...



quinta-feira, maio 11, 2006

Achtung! que é caso para festejar...


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Um dos meus blogues preferidos incluiu o meu na sua lista de "Valem a pena". Para festejar vou ouvir o Achtung Baby. Na minha opinião, o álbum desses dubliners que nunca passará de moda.
Obrigado André!
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quarta-feira, maio 10, 2006

Um presentinho pró Freud

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Toma lá, tio Freud, esta prendinha pelos teus 150 anos! Com alguns dias de atraso, é certo... e em parte também por isso levo as mãos à cabeça.

A avaliar pelo que tenho lido, ao longo das minhas expedições pela blogosfera, fiquei com a impressão que o tio Freud terá desembrulhado vários presentes muito idênticos a este. Mais uma vez não premeei pela originalidade...



A ciclópica Enciclopédia da Mente (2)

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Depois do Darth Vader, a minha disposição não dá para muito mais... Só me resta mesmo inserir o 2º tomo da ciclópica Enciclopédia da Mente (clique para ler o tomo nº1 e o tomo nº3).

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Tomo 2: Domesticadores Artificiais & de Carne e Osso & e o Status


É certo e sabido que existe à disposição das intrincadas mentes do Homo sapiens depressed uma vasta panóplia de domesticadores artificiais (calmantes, tranquilizantes, anti-depressivos) - vulgo drogas modificadoras de humor. Usados amiúde como recursos de primeira linha para chicotear as veleidades da mente, não deixam de se assumir como o garante de um certo estatuto social. A comprová-lo:

1- nos filmes quem não se encharca com comprimidos não tem pinta

2- chicotes e outras actividades circenses, todo o género de figurações deprimentes atraiem celebridades.

Para os que preferem alguma interacção física (mínima), as páginas amarelas e os filmes do Woody Allen recomendam os domesticadores / “ouvidores” de carne e osso. Estes, por sinal, são bem mais onerosos que os artificiais – recompensa para anos de estudo a labutar por uma carteira profissional que comporte o prefixo “psi-”. Múltiplas sessões de monólogos a dois requerem, além de uma carteira recheada, alguma sofisticação intelectual e sobretudo muita lábia para suscitar o vivo interesse do "ouvidor". Lá está, firma-se assim um contributo relevante para a afirmação do estatuto sócio-económico-intelectual do paciente. Quem frequenta psi's, mesmo que não as possua, adquire aos olhos dos outros as seguintes características muito valorizadas nos tempos modernos: uma mente conturbada e complicada q.b., guito (o eterno afrodisíaco) e lábia para dar e render para pelo menos dois telemóveis.

Mas quer dos artificias, como dos de carne e osso, tal como sucede geralmente com todos os clichés, não andamos já todos um bocadinho fartos? De facto, andamos... O que não quer dizer que os consigamos dispensar. Em parte, vem daí a 5ª essência da domesticação.



Darth Vader dirige-se à blogosfera:

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Sua eminência Darth (em pose de estadista):

- Escolham templates negros e abraçem a dark side of the force!

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(silêncio gélido na plateia)
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Sua eminência Darth:

- Não temam pela saúde do autor do blogue! Há muito que ele saltou para as fileiras negras da força... Querem melhor exemplo que estes posts?! Que rica propaganda que ele tem feito, sim senhor! Desde já lhe agradeço, caro C., a prontidão com que me disponibilizou este brevíssimo tempo de antena.
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O autor (engolindo em seco):
- Desculpe, sua eminência Darth! Mas infelizmente não consegui arranjar maneira de transmitir o seu repto na sua voz tão sui generis...
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(No picture needed): Darth usa a dark force. Com o seu poder mental inflige um mau bocado ao autor.
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terça-feira, maio 09, 2006

O que me faz medo



Paula, desculpa por só responder agora ao teu desafio. A batata quente caiu-me nas mãos há tantos dias atrás e, se calhar como tenho uma costelazita de masoquista, aí a deixei ficar a escaldar-me...

Partilho muitos dos medos que elencaste no teu post. Aqui acrescento alguns dos que sinto ser os mais recorrentes em mim:

- pensar um dia que desperdicei a minha vida em ninharias, que vivi uma vida de fachada, que me escapou o essencial;

- lamentar um dia não ter feito uma data de coisas, quando estavam mesmo ao meu alcance;

- medo de perder demasiado tempo a olhar para o umbigo, dissipando-me em imbróglios mentais inúteis e a tentar lidar com as minhas inseguranças, quando na verdade, e enquanto isso, poderia ser muito mais útil se deixasse todas essas coisas de parte e me empenhasse a construir um verdadeiro sentido para a minha vida e a tentar ajudar os outros;

- dos conformismos, do nivelamento por baixo, da apatia;

- de ceder ao laxismo e de não perseverar na luta pelos meus sonhos;
- de não saber muito bem quais são realmente os meus sonhos;

- medo de ceder à cobardia: de me calar e de não me insurgir perante um injustiça que ocorra mesmo à minha frente;

- talvez o maior dos meus medos: o de nunca vir a encontrar a minha cara-metade.

Acho que que no fundo são medos comuns à maioria das pessoas... Reconhecer que somos assaltados por medos e dúvidas é um sinal de humildade e não um sinal de fraqueza. Só é pena que nem toda a gente pense deste modo.

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P.S. . Vejam aqui, a título de curiosidade científica, um scan gerado por ressonância magnética, que mostra a zona do cérebro que fica mais activa quando sentimos medo.
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Máximas descartáveis

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Aproveitar cada segundo das nossas vidas como se fosse o último!
Será que quem inventou esta máxima, ou outras idênticas a esta, saberia que as verdades por demais evidentes não dão proveito a ninguém ou a quase ninguém? Facilmente assimiladas, geradoras de um consenso quase instantâneo... para quê? Para minutos depois já não ecoarem em mente alguma, engolidas na voragem dos problemas mundanos? Exercem um efeito semelhante ao dos tónicos em dias de calor intenso: refrescam-nos por uns breves segundos, mas o calor é sempre demais...


segunda-feira, maio 08, 2006

A Mente Humana (1)


O cérebro humano é dos animais mais difíceis de domesticar. Não há bicho latejante em caixa craniana do vasto reino animal que se lhe compare em termos de volubilidade, caprichos e arrufos. Há dias em que simplesmente põe e dispõe do seu portador a seu bel-prazer.


P.S. Mente Humana?... Isso não é uma redundância?



sexta-feira, maio 05, 2006

7º episódio do Gato Fedorento


Tiro o chapéu perante o 7º episódio do Gato Fedorento e retraio-me do que disse aqui. Sketches como o do Anjo da Guarda Nacional Republicano e o do Chatanato estão mesmo entre os melhores que já vi deles.

Este episódio merece mesmo um breve resumo de alguns dos sketches:

Um indivíduo encontra-se prestes a atirar-se do último andar de um prédio para acabar com tudo. Entretanto surge-lhe o Anjo da Guarda Nacional Republicano, que nessa condição traja obviamente de GNR, usa bigode e zela, não pela felicidade, mas pela estrita legalidade pública. Não lhe interessa nada o facto do indivíduo se querer matar, pode fazê-lo se lhe der na gana, desde que não se atire para uma via pública a impedir o trânsito. O Anjo começa então a enumerar, sem pingo de sensibilidade para com a dor alheia, os muitos inconvenientes (alguns dos quais bastante macabros) que adviriam dessa conduta irresponsável: a quantidade de gente que chegaria atrasada aos empregos e por consequência algumas das quais sujeitas ao despedimento; o trabalhão que não daria para remover todas as manchas de sangue do asfalto; etc... A infracção que acaba por ser apontada ao indivíduo prende-se com a sua permanência no tal terraço, que seria de acesso reservado. Daí a uma piscadela de olho a uma das situações que mais tem minado a credibilidade da GNR - falo dos subornos a troco de um fechar de olhos - vai um pequeno passo. Tudo isso está representado com muita piada na insistência daquela mãozinha atrás das costas a prometer esquecer a infracção em troca de um pecúlio... que daria muito jeito para comprar um casaco, uma vez que "lá em cima" o clima é fresquito.

Um casal desloca-se a um Chatanato - sinónimo de orfanato para chatos -, com o intuito de introduzir alguma chatice nas suas vidas. Pela sua suposta chatice incorrigível, (e, a avaliar pela espessura das lentes, incorrígivel deve ser também aquela miopia), o Onésimo, nome de Santo nascido na Frígia (como ele não cessa de repetir), acaba por ser o escolhido pelo casal. Num convívio de amigos, Onésimo que supostamente lhes deveria dar uma enorme seca, revela-se uma pessoa bastante divertida, traindo assim as expectativas do casal. Resultado: acaba por ser devolvido ao Chatanato por ser demasiado interessante.
Um comentador político esmiúça ao máximo um fait-divers anódino que ocorreu no seio do governo. Como todas as tempestades num copo de água, a birra (birra não, porque isso implicaria choro), o amuo do Ministro da Educação pode aparentemente despoletar uma crise política de proporções imprevisíveis. A causa de tal amuo: os restantes ministros terem deixado de prestar atenção à anedota que o Ministro da Educação estava a contar, para verem as fotos da recente viagem de um deles. Depois do comentador de serviço desfiar o seu interminável paleio, o primeiro-ministro Lopes da Silva dirige-se em directo, da TV, a todas as “portuguesas e portugueses” (onde é que já ouvimos isto?...) pedindo desculpa directamente ao seu ministro da educação pelo sucedido.

Numa sala de cinema, algumas pessoas, poucas, assistem a um filme português. (Contam-se pelos dedos de uma mão as pessoas que assistem ao filme, como convém a uma cinematografia - nacional - a que se colou a reputação de inacessível e intragavelmente chata.) Um espectador vê-se na situação de ser corrido para fora da sala pelo “lanterninha”, por ter sorrido em plena sessão. Não é permitido achar graça a um filme português. Nem era esse o caso do tal espectador, mas um dos espectadores presentes, de cenho sério e rígido, apressa-se em acrescentar mais achas à fogueira ao afirmar tê-lo visto sorrir numa cena anterior de 15 minutos em que não havia qualquer fala. No final do sketch, o espectador ainda suplica para ficar, mas o “lanterninha” é peremptório: “Agora é tarde para se aborrecer, devia ter-se aborrecido desde o início!”



Apetece-me esta definição de blogue:

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Um cartão de visita, um hobby, um modo de vida. Uma forma apetecível de nos darmos a conhecer e de nos irmos conhecendo melhor de post em post.
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quinta-feira, maio 04, 2006

Amizades e Extintores

certas amizades que se comportam como extintores: passamos por eles várias vezes, sabemos onde os encontrar, mas quando mais precisamos deles damo-nos subitamente conta de que estão fora de validade. O que felizmente nunca sucedeu comigo, thanks to all my friends!

Depois há as verdadeiras amizades: extintores verdadeiramente providenciais que lançam nuvens carbónicas de consolo e esperança, ajudando-nos a apagar fogos com grande potencial de devastação.



Provável diagnóstico de hipocondria em apenas 3 linhas de diálogo:


- Hipocondria? Não, nunca ouvi falar...
- Pode-se dizer que é uma espécie de doença...
- Doença? Eh pá, então se calhar também tenho isso!


Rua abaixo

Há dias em que a auto-estima se assemelha ao pit-bull de estimação (irrequieto, de tão desejoso de sair à rua) que levamos a passear. Outros, em que é ela quem por seu turno nos conduz e nos puxa pela trela rua abaixo...



terça-feira, maio 02, 2006

Fear



O medo grita-nos do precipício,
tenta-nos a galgar a ponte,
só para nos fazer sentir mais forte o seu apelo.


P.S.1 Paula, peço desculpa por ainda não ter respondido ao desafio que me lançaste no teu post. Já comecei a elaborar a minha lista, mas é uma tarefa hercúlea... é que são tantos os medos... Prometo que daqui a uns dias a lista de horrores será divulgada, isto se entretanto não intervier qualquer agência censória.

P.S.Científico: MRI ou Magnetic Resonance Imaging. O scan mostra-nos que quando experienciamos uma sensação de medo, a estrutura do cérebro que se torna mais activa é a amígdala.

P.S.3 De alguns dos meus medos julguei desembaraçar-me aqui...



A dura realidade do patinho feio



Sempre houve patinhos feios por esse mundo fora. Talvez daí a fácil identificação com o conto de H.C.Andersen e a sua ressonância universal. Porém, da fábula à realidade vai sempre um passo de gigante (a imaginação do efabulador), e assim acontece que a maioria dos patinhos feios nunca chega a desabrochar num lindo cisne.
Pelo sim pelo não, aqui ficam dois lembretes, talvez demasiado óbvios: não interiorizar os rótulos que nos pretendem colar e não permitir que essas pressões exteriores bloqueiem o nosso crescimento e maturação interiores.


segunda-feira, maio 01, 2006

Poetry (5)



Do que nada se sabe

A lua ignora que é tranquila e clara
E não pode sequer saber que é lua;
A areia, que é a areia. Não há uma
Coisa que saiba que sua forma é rara.
As peças de marfim são tão alheias
Ao abstracto xadrez como essa mão
Que as rege. Talvez o destino humano,
Breve alegria e longas odisseias,
Seja instrumento de Outro. Ignoramos;
Dar-lhe o nome de Deus não nos conforta.
Em vão também o medo, a angústia, a absorta
E truncada oração que iniciamos.
Que arco terá então lançado a seta
Que eu sou? Que cume pode ser a meta?


Jorge Luís Borges
tradução de Fernando Pinto do Amaral
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The Cure: se não cura, ao menos fortifica


Administração por via auditiva do já velhinho, mas clássico álbum "Desintegration" dos The Cure.