sexta-feira, março 31, 2006

Olhamos em frente

.
Olhamos em frente sem atentar em nada,

diluindo-nos na calma aparente dessas águas
em que se encontra o mundo suspenso.

Sob a alçada de luz quente que desce, tantas as vidas
que tudo arriscam por esse último fulgor vespertino,
que sobem pelas escadas escoradas em pilares de memória,
sem pressas que a saudade as calce nas suas luvas tão justas,
tão coladas à boca ao deitar que nos obrigam a engoli-la em cápsulas,
para regurgitadas em sonos, em soluços, libertarem o seu acre que perdura
nos actos reflexos accionados não se sabe por que lamentos,
por que mecanismos internos, sem bula de instruções
a que recorrer nos momentos de maior dúvida.

Olhamos em frente sem atentar na efervescência lateral,
na liberdade das bolhas, no bulício de evasão que o mundo
fez cair sobre um dos seus vasos comunicantes - transeunte transitório -
como o doente que já prevê melhoras na aspirina fervente
no copo de água desconsolado, rachado para a sangria dos lábios.
22/7/2003
.


Red Vines


.
Estas horas serão certamente tardias para um bom tinto, mas não para um Red Vines da imprescindível Aimee Mann.
.


Paranóico?


.
Uma querida amiga minha diz-me que nesta foto estou com um ar paranóico. Hum...
.


sexta-feira, março 24, 2006

Vícios musicais



.
Vícios músicais mais recentes: Coldplay, Franz Ferdinand, Aimee Mann.
.


Um mês de blogue

.
Um mês de blogue e "nada de [substancialmente] novo a oeste".
.


segunda-feira, março 06, 2006

Pedro Mexia’s touch


Desde miúdo que Pedro Mexia em tudo. Para a posteridade ficou a prova de que nem mesmo o tão cobiçado Óscar escapou ao Pedro (que em tudo) Mexia.

Hail to Estado Civil !



P.S. (de 26/6/2006)

Mas o que me levou a fazer este trocadilho tão infanto-juvenil? Nem sequer é digno de ser proferido no recreio de uma qualquer escola primária... E porque raio ainda não tirei daqui este post? Três explicações possíveis:

- tratar-se de um desejo incompreensível de me expôr ao ridículo;

- haver uma lei (que desconheço... e a haver já a infringi várias vezes) que dite a irreversibilidade da colocação dos posts (do género: uma vez colocados é proibido removê-los) e que por qualquer razão fez com que hoje apelasse o meu lado cumpridor;

- tratar-se de uma tentativa (muito débil aliás) de me redimir publicamente com este post scriptum.



Reticências


.
Como talvez já terão reparado, sou uma pessoa demasiadas vezes reticente...
.


sábado, março 04, 2006

Um perfeito desconhecido

... que se reserva o direito de continuar a sê-lo. Mas deste ponto de vista, ser-se bloguista não será um paradoxo? Por um lado queremos que nos leiam, que conheçam as nossas opiniões, queremos (sobretudo alguns mais intimistas) partilhar um pouco de nós, mas por outro lado afectamos uns ares de reserva que talvez não nos ficam bem... Mas que sei eu? Sou um mero estreante, imberbe no toca a reflectir sobre esta minha nova condição.
P.S. Este post é anterior à decisão de colocar uma foto minha no profile. Foto essa, na qual estou com um ar tão sério e intimidante, que me dá a impressão de estar a vigiar possíveis leitores deste blogue. Ou antes, de estar condenado a passar o tempo contando as moscas...
.


quinta-feira, março 02, 2006

Repto a favor da sanidade mental


A violência (o sangue, os corpos estropiados, os gritos desvairados, etc.) que grassa nos telejornais tem atingido doses de tal forma insustentáveis, que aconselho vivamente que de ora em diante desliguem o televisor para não comprometerem a vossa sanidade mental. Aquele etc. a fechar o parêntesis é tudo menos inocente, pois aponta para uma certa tendência de banalização e de relativização de todo esse espectáculo do horror com que diariamente somos confrontados e que inevitavelmente acaba por conduzir uma grande fatia dos telespectadores às margens da apatia e da indiferença gradual. Eu opto pela não indiferença, pela não equiparação e equivalência das diferentes tragédias ao menor denominador comum. Quero ter a liberdade de poder digerir e reflectir sobre esses eventos nos meios noticiosos à minha escolha, seja na imprensa escrita ou nos jornais on-line, de forma menos condicionada do que aquela que me é veiculada pelas imagens impactantes dos telejornais. Se quiserem façam como eu: desliguem o televisor ou mudem de canal quando o pivô, esse arauto das desgraças, se digna a alertar-nos para a possibilidade do teor noticioso poder ferir as consciências mais susceptíveis. E por favor, não confundam o repto que aqui vos deixo com a atitude da avestruz que enfia a cabeça na areia...
.