Elixir [2]
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Apetece-me escrever sobre uma senhora que anda aqui na universidade. O cabelo branquinho, apanhado numa trança comprida, não engana quanto à idade. De resto parece-me uma jovem em todos os aspectos que pude depreender. A sua fisionomia doce lembra-me invariavelmente a Jane Godall. Nas roupas coloridas julgo notar um resquício contido dos tempos hippies. Conversei com ela uma vez ao almoço faz já uns anitos. Trocámos palavras mais ou menos circunstanciais que entretanto se perderam no tempo. Anos depois vejo-a passar por mim, apressada, com aquela genica que sempre lhe descortinei enquanto observador à distância. Ela não me reconhece, claro. Minutos mais tarde ela junta-se à fila nas cantinas para a Vegetarina, onde também eu aguardo vez de me sentar frente a frente com uma deliciosa empada de soja (não se fiem muito no nome que dou aos acepipes vegetarianos). A ajudante de cozinha, enfiando sucessivamente empadas nos pratos, faz-lhe um reparo maroto àcerca do facto dela vir em boa companhia. Percebo então o motivo do seu passo apressado ao passar por mim instantes antes. Ela responde com a simpatia e frescura que lhe reconheço: que sim, que era verdade, mas que lamentavelmente tinha feito esperar o seu amigo indiano. E ao dizê-lo sorri para ele. Ávida de conhecimento, de estabelecer novos contactos, de estreitar laços, fascinada pela vida, curiosa por lhe extrair a riqueza, é para mim um exemplo vivo de que a idade nunca é um empecilho. Só em mentes que se deixam amorfizar.
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4 Comentários:
Curioso... sei de quem falas. Não me lembro de lhe ter falado, mas lembro bem de lhe ter sorrido tantas vezes... A sua forma de estar é realmente encantadora e contagiante.
Sorriste-lhe e certamente que ela te retribuiu cada um dos sorrisos :) porque ela é mesmo assim... Encara a vida com um sorriso e a sua presença e energia são contagiantes, de facto.
Exacto... :)
não ando na vossa universidade, mas conheço várias pessoas assim. na minha universidade também as havia. são pessoas que vivem cada dia e a vida em geral abertas para o mundo e o conhecimento.
muito bom o texto...
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