terça-feira, abril 04, 2006

Poetry (3)



À Minha Alma

Sempre tiveste a rama preparada
para uma rosa justa; andas alerta
sempre de ouvido quente à porta certa
do corpo teu, à flecha inesperada.
Nenhuma onda acaso vem do nada
que não arraste de tua sombra aberta
a luz melhor. De noite, estás desperta
em tua estrela, à vida desvelada.
Signo indelével pões às próprias cousas.
E logo, feita glória de altos cumes,
reviverás em tudo quanto selas.
Tua rosa será norma para as rosas;
o que ouves, da harmonia; e dos lumes,
o teu pensar; e teu velar, de estrelas.


Juan Ramón Jiménez
tradução de Jorge de Sena
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