Crepúsculo nas dunas
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O sol declinara e do seu leito rosado, um vasto lençol azul-escuro polvilhado de estrelas, descia lentamente sobre o céu. Deitado de costas sobre o areal, eu observava a transformação gradual que se operava na abóbada celeste, a subtileza com que os cenários diurnos e nocturnos se revezavam. No estado onírico em que me encontrava, e a que nesse dia particular me era possível predispor (dado que o meu espírito aparentava uma calma invulgar e parecia excepcionalmente ter-me decretado tréguas); assim imaginava que um espectáculo daquela envergadura, que a esplendorosa orquestração de mais um culminar diurno, teria forçosamente que ficar a dever-se ao esforço imenso despendido, dia após dia, por uma caterva de cenógrafos e aderecistas divinos. Mas com que finalidade? Para nosso simples deleite e fruição? Não, não podia ser apenas por isso... Ainda se se desse o caso de todos nós lhe darmos o devido valor. Mas o que é facto, é que tudo isso, tanta beleza (gratuita e mesmo assim desbaratada por tantos ingratos), na maior parte das vezes, nos passa irremediavelmente ao lado, tendo no máximo por recompensa um olhar fugaz e ausente num mundano regresso a casa. Desejava por isso acreditar que do último estrebuchar do dia, que dos seus derradeiros raios de luz, percutindo em pequenas ondas de calor, ainda retinisse um eco de esperança e de felicidade em muitos corações. Isto talvez por me sentir aflorado por quase inaudíveis ressonâncias, compósitas desse eco.
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O sol declinara e do seu leito rosado, um vasto lençol azul-escuro polvilhado de estrelas, descia lentamente sobre o céu. Deitado de costas sobre o areal, eu observava a transformação gradual que se operava na abóbada celeste, a subtileza com que os cenários diurnos e nocturnos se revezavam. No estado onírico em que me encontrava, e a que nesse dia particular me era possível predispor (dado que o meu espírito aparentava uma calma invulgar e parecia excepcionalmente ter-me decretado tréguas); assim imaginava que um espectáculo daquela envergadura, que a esplendorosa orquestração de mais um culminar diurno, teria forçosamente que ficar a dever-se ao esforço imenso despendido, dia após dia, por uma caterva de cenógrafos e aderecistas divinos. Mas com que finalidade? Para nosso simples deleite e fruição? Não, não podia ser apenas por isso... Ainda se se desse o caso de todos nós lhe darmos o devido valor. Mas o que é facto, é que tudo isso, tanta beleza (gratuita e mesmo assim desbaratada por tantos ingratos), na maior parte das vezes, nos passa irremediavelmente ao lado, tendo no máximo por recompensa um olhar fugaz e ausente num mundano regresso a casa. Desejava por isso acreditar que do último estrebuchar do dia, que dos seus derradeiros raios de luz, percutindo em pequenas ondas de calor, ainda retinisse um eco de esperança e de felicidade em muitos corações. Isto talvez por me sentir aflorado por quase inaudíveis ressonâncias, compósitas desse eco.
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7 Comentários:
Depois do que li e da sensação de bem-estar com que fiquei, está perdoado por ter andado um dia desaparecido...
Completamente perdoado:)
beijinho
nada de novo?!!
:)
Eu prometo não fazer mais comentários, mas não desapareça!!!
Gosto de o ler...
Maria... estes últimos dias não me apetecido "blogar", talvez seja do calor...
Papoila... se deixar de comentar então aí é que eu começo mesmo a pensar na possibilidade de fechar o blog...
Obrigado às duas ;)
Uff...que alívio!!!
o suficiente para querer que o dia comece, e depois acabe, só para começar de novo, e ver e sentir as coisas assim...
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