Novelo sem saída
.
Alguém me diga que me chamo Teseu...
pois ainda não me reencontrei
no novelo de que sou feito,
nem ao menos a linha salvífica por que guie
o recomeço das minhas buscas, enredadas sempre
em despedidas reticentes às portas do labirinto,
que intuo percorrido de ponta a ponta
pela tua miragem, ó Ariadne...
E a cada passo atiças contra mim
os mastins vorazes do passado,
tu que em sonhos por mais do que uma vez
me estendes a promessa de um novelo:
vieste de novo com o fito de sofrer
emaranhando-me em renovada prova do teu amor?
E agora saber qual deles o mais longo
e mais longe me levará no mito?
Se desfiasse o amor que me dedicas agora,
cada metro de linha contaria uma velha história
tão velha que no mesmo beco desembocaria:
na fuga para a ilha do teu abandono.
Alguém me diga que me chamo Teseu,
pois ainda aqui ressoa que apenas ele,
em o minotauro vencendo, se não perdeu...
É tanto o desfiar nesta babilónia,
que temo descurar o que na passagem há de belo,
em prol de algo indefinível que nem sei por que anseio -
vaga ideia de pega varonil com um monstro de cornos
(dizes-me que sem saída
dizima o tributo anual,
mas não o voluntarioso que eu seria
se descobrisse o caminho para a arena central).
O labirinto estreitou-se, tornou-se ermo.
Cansado por longos anos de espera,
de refregas, Astérion partiu por fim;
legou-me o posto que dissiparei,
como de Ariadne o amor
em mim dissipei.
Alguém me diga que me chamo Teseu...
pois ainda não me reencontrei
no novelo de que sou feito,
nem ao menos a linha salvífica por que guie
o recomeço das minhas buscas, enredadas sempre
em despedidas reticentes às portas do labirinto,
que intuo percorrido de ponta a ponta
pela tua miragem, ó Ariadne...
E a cada passo atiças contra mim
os mastins vorazes do passado,
tu que em sonhos por mais do que uma vez
me estendes a promessa de um novelo:
vieste de novo com o fito de sofrer
emaranhando-me em renovada prova do teu amor?
E agora saber qual deles o mais longo
e mais longe me levará no mito?
Se desfiasse o amor que me dedicas agora,
cada metro de linha contaria uma velha história
tão velha que no mesmo beco desembocaria:
na fuga para a ilha do teu abandono.
Alguém me diga que me chamo Teseu,
pois ainda aqui ressoa que apenas ele,
em o minotauro vencendo, se não perdeu...
É tanto o desfiar nesta babilónia,
que temo descurar o que na passagem há de belo,
em prol de algo indefinível que nem sei por que anseio -
vaga ideia de pega varonil com um monstro de cornos
(dizes-me que sem saída
dizima o tributo anual,
mas não o voluntarioso que eu seria
se descobrisse o caminho para a arena central).
O labirinto estreitou-se, tornou-se ermo.
Cansado por longos anos de espera,
de refregas, Astérion partiu por fim;
legou-me o posto que dissiparei,
como de Ariadne o amor
em mim dissipei.
8/7/2003
5 Comentários:
No words
Depois do que li, nem me atrevo a fazer qualquer comentário...
Mas concerteza que é um "Teseu"...
Paula, as tuas palavras, um simples "no words" são sempre saborosos.
Papoila tenho que ir rever a mitologia e ver como é que acaba o Teseu... :)
O Teseu não acaba lá muito bem, segundo a mitologia..., mas queria referir-me ao significado do nome "...o homem forte por excelência".
Papoila: hummm... não me parece que encaixe nesse perfil. Não que não me apetecesse... Há que alcançar a força superando as nossas fraquezas.
Além disso, infelizmente os dias de hoje não estão muito propícios para grandes heroísmos e os que muitas vezes são apontados como tal, são-no por razões menores...
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