Dantes, quando era a quase paralisia
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(Chani Goering - The Diminutive)
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Respondia de forma emotiva e caótica aos acontecimentos, às palavras, aos gestos, aos olhares, às expressões dos rostos. Por vezes até à desfocagem dos sentidos. A linguagem vacilava, embrulhava-se, parecia um apêndice subitamente atrofiado. Balbuciava a maior parte das vezes palavras incongruentes aos que o interpelavam. Sentia que não podia dar-se nesses momentos em que não sabia bem de si. Julgava dar-se apenas no seu mínimo: em presença sorridente, aquiescente – que era o mesmo que nada. Retroactivamente apercebia-se de uma miríade de pormenores que influíam em todo esse desconforto. A consciência aguda desses fenómenos, que radicavam no medo da exposição e da rejeição, limitava-o na capacidade de fruir o momento, de aparentar maior naturalidade. Só no fim, nas calmas da solidão, é que atava os nós todos – mas com que finalidade prática, se tudo isso já pertencia ao passado?
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