segunda-feira, agosto 28, 2006

Lux 2






"Portas sobre portas até que a porta final abre sobre a luz que atravessa o espaço aberto de todas as portas"
Herberto Helder in Photomaton & Vox.

Espanta-me a vida profícua de certos seres. Seres que parecem não ter pertencido a este mundo. Que o atravessaram como cometas. Que não recuaram perante os riscos que corriam ao transporem a segurança das fronteiras conhecidas e bem delimitadas. Que ao fecundarem as nossas mentes com as suas prospecções visionárias, legaram para a posteridade – se o soubermos preservar - um conhecimento mais íntimo e mais profundo sobre nós e a realidade. Das profundezas do nosso espanto ecoará para sempre a rábula da nossa mediocridade. Se entretanto não nos despenharmos e conseguirmos reunir forças para os revisitar de vez em quando, resta-nos a consolação de nos sentirmos submergidos pela sua luz, nos escassos instantes em que julgamos aflorá-los. Poderia nomear alguns, mas desse modo não estaria a fazer justiça a todos.

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