O irrepetível cortejo de rostos
James Ensor, The Masks and Death (1897)
Encerravam em si o que à realidade cabia de dureza, uma realidade crua à qual costumava emprestar uma boa parte minha. Chocava-me o medo que neles projectava, assim como os anseios que lhes adivinhava mesmo que não fossem os meus. Ao longo do cortejo, costumava interrogar-me sobre os verdadeiros motivos que me levavam a correr tão cedo. Interrogava-os também a eles, e respondiam-me com o olhar, com gestos simples, quase unívocos. E as suas respostas não variavam por aí além das minhas. O cortejo, apesar de irrepetível, seria então qualquer coisa de verdadeiramente universal?
Hoje já não me foco na dureza dos rostos, antes opto pelo lado solar.
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