«A verdadeira grandeza do homem»
"É sem razão que o género humano se queixa da sua natureza, dizendo-a débil e de curta duração, dependente da fortuna, mais do que do valor. Mas pelo contrário, se se pensar no assunto, descobrir-se-á que não há nada de maior nem de mais préstimo, e que o que lhe falta é mais o esforço do que a energia ou o tempo. Ora o chefe e comandante da vida dos mortais é a alma. Quando ela se lança à glória pelo caminho do valor, abunda em força, em potência, em prestígio, e não precisa de fortuna, porquanto a honradez, o esforço e as restantes boas qualidades, ela não pode dá-las nem tirá-las a ninguém. Mas se, dominado por desejos torpes, mergulhar na preguiça e nos prazeres físicos, por um tempo curto usufrui de uma voluptuosidade nefasta; as suas forças, o seu tempo, o seu talento, escoam-se devido à inércia, e então o que se acusa é a debilidade da natureza. Cada um transfere as suas culpas para os acontecimentos, quando é ele o culpado. Ora, se os homens se preocupassem tanto com o bem como com a procura afincada de coisas que lhe são estranhas, que de nada lhes valem, e muitas ainda são perigosas, não seriam eles mais governados pelo acaso (...)"
Salústio, Jugurta I.1-5 (in Romana, trad. Maria Helena da Rocha Pereira)
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