Engate: efeito National Geographic
Keith Mallett, Les Sirens
No mundo selvagem, o predador tenta ao máximo passar despercebido no momento da caça. Não passa pelos seus instintos, que ele e a suposta presa estabeleçam contacto visual de qualquer grau que seja. Pelo menos não antes de ele já estar a trinchar a jugular da presa.
Ora no mundo da night, parece passar-se o inverso. Ainda que, consoante a habilidade do predador, este até possa mover-se inicialmente nas franjas de alguma discrição para obviamente não afugentar o bom partido que a sua apurada visão periférica se tornou exímia em captar. Mas de facto o eye-contact é deveras importante numa primeira abordagem. Olho para mim, para os longos cílios (ainda há dias, para minha surpresa e certo embaraço misto de prazer, me fizeram tomar consciência das minhas pestanas) que me contornam os olhos e penso: "Se te aplicasses, poderias fazer disso uma arte..." Pois sim.
Um amigo meu chamou-me a atenção para uma tentativa de engate em progresso (work in progress, muito pouco artístico por sinal), que decorria praticamente à nossa frente. Por uns instantes, julguei que aparecesse ali o David Attenborough, silenciosamente a afastar os obstáculos e a comentar a trajectória e a técnica de aproximação à presa, as subtilezas do contacto visual, etc. Até podia ser que assistindo ao que parecia ser um documentário em directo, eu aprendesse alguma coisa (hum... com exemplos destes não me parece). Já agora pedia que fosse legendado, é que o som quase ensurdecedor que ressoa na selva dos bares nocturnos desaconselha qualquer tipo de dobragem.
(Post requentado de há cerca de dois meses atrás e que só agora me apeteceu que visse a luz do dia. Quem me conhece, sabe que esta visão das coisas não corresponde exactamente à minha.)
2 Comentários:
Este tem graça:))
Beijinhos.
Achei muito engraçada a comparação e já estava a imaginar o documentário...
Um beijinho
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