Post "só porque sim"
Teclo furiosamente. (O meu “furiosamente” deixaria muito a desejar se fosse dactilógrafo, mas como não sou...). Os olhos pesam-me mais que a tonelada que carreguei ao peito ao longo do dia. Algumas palavras via sms, muito bonitas, muito intensas, bastaram para me desembaraçar de todo esse peso. O peito fez-se peito de novo, a modos que a conseguir respirar com alguma normalidade e sem aquele batimento caótico que impõe um ritmo alucinante aos pensamentos mais díspares.
Com os meus irmãos em tierras de Espanha e como se não bastasse a falarem cada vez melhor o castelhano, tenho-me sentido solo. O que hei-de dizer? Tivesses sido mais esperto e também andarias por lá... Adiante, que não estou a gostar deste tom... Se começas a fazer beicinho, amanhã acordas com má cara... o que não dá jeito nenhum, visto que amanhã é dia de fazeres a barba... E perguntam vocês: "Mas como é que não dá jeito nenhum para...". Bem, isso é cá comigo e com os espelhos... Por aí não, que também não estou a gostar e já nem parece meu...
Neste momento, ao longe, o canto fora de horas de um galo com péssimo sentido de orientação (solar, evidentemente), teima em fazer-se ouvir. Deve ser daqueles que tremem todos por dentro, quando berram: “primeiros!”. É precoce o galito, só pode. O alvorecer ainda lhe deve parecer um conceito estranho, ou então anda à bulha com uma insónia.
Depois desta pequena nota campestre, pouco me sobra para dizer, além de mais notas campestres. Sim, o campo é realmente muito absorvente. Especialmente à noite, quando as poucas luzes (já não são assim tão poucas por estas bandas) não constituem obstáculo de maior às estrelas que vão pontuando o céu.
A música desliguei-a há uns minutos, uma pessoa também tem que se dar uma pausa e apreciar o silêncio. A música da natureza também sabe bem. Se viverem na cidade e tiverem um desses cd’s ricos nos mais variados sons do reino animal e mineral, aconselho. Mas nada melhor que o original, claro. Por exemplo, do relvado frente ao meu quarto sobem até mim uns rumores esquisitos... Insectos? Mamíferos? Não sou entomologista, nem o Gregor Samsa (mamífero sou, mas neste caso pouco ajuda) para distinguir se são de cópula ou não. (O teclar furiosamente ao fluxo da consciência tem destas coisas, leva-me inconscientemente para aí...). Por vezes, certos rumores desencadeiam pensamentos de outra ordem, que por sua vez nos reenviam para pensamentos de uma outra ordem e que por sua vez... E também isso pode ser absorvente... “Restricted area!” diz-me o fluxo de consciência. Ok, não vamos por aí...
Há tanta coisa sobre a qual queria falar e nunca o faço... nem sei bem porquê. A preguiça dá o seu contributo, claro. E para não a contrariar acho melhor parar por aqui.
4 Comentários:
Zé, tão bom sentir que os amigos estão sempre assim presentes. Não estava tomado de um acesso de raiva, muito pelo contrário. Teclava furiosamente no sentido de tentar captar o rol de pensamentos que tão depressa chegavam quanto se volatilizavam. Não havia raiva, nem desespero. O que poderia sentir nesses termos em relação ao não-estudo, já o digeri. Já parti para outra. Guio-me por uma estrela, sempre, e quero fazer coisas. Obrigado amigo!
Lembrei-me de um método que costumava utilizar quando tinha de estudar e não me apetecia:
punha-me a dactilografar o que tinha de decorar e ... posso dizer que isso fez com que agora escreva bastante depressa (agora aprender a matéria é que...)
Um beijinho e um bom fim de semana
Descreves um cenário campestre muito parecido com o meu... o relvado que também tenho em frente a casa e os ruídos da bicharada que sempre me intrigam, o cantar dos galos que se ouve por vezes de madrugada, e as luzes que já são muitas para as estrelas se verem bem... há dias no momento em que fiquei sem electricidade aí sim consegui vê-las bem, o momento é que não foi nada oportuno...
Beijinho
Redonda: além das qualidades que já conhecia, descubro que também dactilografas bem. É uma desculpa a menos que podes usar, no caso de começares a postar pouco no teu blog... :) Beijinho.
Obrigado Romã :) Onde vivo não é bem campo campo, é mais casas, jardins e quintais cada vez menos envoltos por pinhal caruma e pinhas, cujos aromas intensos se fundem bastante bem com a maresia à medida que nos aproximamos da praia que é muito perto daqui...
Ana: Hoje ainda é mais cedo do que da vez em escrevi o post, e o galo já se faz ouvir (deve ter as orelhas quentes). Há muito poucas situações em que falhar a luz é oportuno... não me peças é para dizer em quais, que isso é assunto mais complicado que uma simples nota campestre... :) Beijinho
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