segunda-feira, setembro 11, 2006

Pragmatismo

O dia lá fora parece-nos sempre mais bonito quando, por qualquer motivo, não nos é permitido desfrutá-lo. Efeito fruto proibido, ou de colheita difícil ou nunca plenamente saboreada, dada a circunstância de haver tarefas pendentes.

O peito estreita-se, subjugado ante as obrigações. O corpo impacienta-se e as pernas só querem correr lá para fora. A mente voa por altitudes tão díspares, que não apreende um significado que seja de alguma coisa prática. A memória é uma parede maciça que devolve todas as bolas que a queiram atravessar.

Queria conseguir. Por mim. Mas não só. Por um futuro sonhado, entrevisto e sentido de forma tão real. E é este sonho que me ajuda a descer aos poucos de certas nuvens (por onde salto de umas para as outras, leve como uma pena), e a aproximar-me da consciência do que é suposto ser feito. Nunca foi fácil para mim ser pragmático. E parece-me que ainda assim é ao sonho, à efabulação (mas com raízes que a impedem de se dispersar na inconsequência) que tenho de recorrer para passar a sê-lo.

3 Comentários:


Blogger as velas ardem ate ao fim disse...

O teu texto é muito bonito e realmente ou porque omos mesmo assim ou porque não queremos entender só damos importancia ao que não temos.

o ser humano deve ser mesmo assim...

estava um dia triste la fora..cada um olha va só para si!

Bjos

11/09/06, 21:36  

Blogger redonda disse...

Gosto muito de como escreves. Agora mais do que o estar a ver, pareceu-me que senti aquilo de que falas.
Um beijinho

12/09/06, 00:32  

Blogger Cláudio disse...

as velas ardem até ao fim: O ser humano é um bicho tão complicado não é? Obrigado pelas tuas palavras e espero que hoje o dia lá fora te pareça mais bonito. Cada um olha para si... é o estado das coisas. Mas há também os que o conseguem conciliar com a entrega aos outros. E espero que a luz das velas, aquela que há em ti, te possa guiar até essas pessoas. Beijinho.

Redonda: Sempre tão querida! Todos nós já nos sentimos assim, não é... é tão frequente sentirmo-nos encurralados entre o dever e o que realmente desejaríamos fazer. Sobretudo se as duas coisas não se cruzam, não se complementam. Todos nós gostaríamos que o dever e o prazer estivessem de alguma forma ligados, que a nossa realização passasse por aí... nem todos têm essa sorte. No que me toca, tenho de arranjar maneira de apreciar melhor aquilo que até agora tento cumprir com grande esforço e custo... Beijinho.

12/09/06, 15:12  

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