domingo, dezembro 10, 2006

Desmesura

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Ave agoirenta sem asas para voar.
Tal como Ícaro, enxertaste umas de cera
que logo amoleceram por tua desmesura.
Tu que desaprendeste o canto
e o simples prazer de te fixares
num galho de árvore, junto dos outros,
igual aos outros, ora quedo ora a trinar,
dando voz à harmonia sã das auroras,
tens planado no poente, sem nunca pousar,
sobrevoado o fosso das noites, ansioso
por outras manhãs.
Manhãs que dispõem para ti
o trampolim
para um voo mais alto,
de desafio à tangente
do arco solar.
E o risco da queda
que inebria como morfina?...

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30/8/2005

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