Disponível para amar
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.No “In The Mood For Love / Disponível para amar” de Wong Kar-Wai, entre muitas outras coisas, gosto: do vai-vém constante de Maggie Cheung pelas ruas estreitas, do modo como o seu corpo se movimenta nesse sobe-e-desce ao longo das escadas que ligam a rua à pensão - tudo isso intercalado ao som melancólico dos violinos. Gosto da afabilidade que transparece dos pensionistas à passagem dos outros inquilinos. Gosto da troca de olhares, dos sorrisos cúmplices entre ela e o Tony Leung no corredor da pensão ou quando se despedem à porta do quarto. Da forma como somos confrontados com a paixão latente entre ambos. A ligação reforça-se quando descobrem que os respectivos cônjuges vêm mantendo um caso. A partir daí vai-se instalando a luta entre os escrúpulos morais e a vontade de ceder ao desejo. Sendo traídos, terão legitimidade para fazer o mesmo? Havendo nisso uma possibilidade de vingança, será essa conduta menos condenável do que aquela que eles recriminam? Invade-os um rol de sentimentos que têm de ser reprimidos. A frustração, o incómodo apoderam-se dos gestos, vincam-se na postura. Gosto da cena que decorre no interior do táxi, a cabeça de Maggie encostado ao ombro de Leung, do silêncio que se instala por não ousarem tranpôr o limiar das palavras - das que ficam por dizer..
1 Comentários:
Também eu gosto do tanto que se diz sem palavras...o erotismo latente nos gestos, nos olhares, na demora dos corpos a subir as escadas..
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