Fósforo no condicional
. Vejo um rosto e penso: sim, poderíamos ser amigos, quem sabe se até mais que isso, quem sabe se inclusivamente felizes... Mas o rosto passa e nada se passa. E digo cá para mim: já só sei pensar no condicional. Penso como quem pisca e esfrega os olhos e nunca acredita no que vê, porque todo o efeito entrevisto é passageiro. É óptica que nada dá a ver nas suas grossas lentes bifocais. É mancha impressa na retina, uma hipótese formulada entre mil. E sei o tempo que demora a apagar-se o fósforo que apenas eu vi acender-se: tempo de remoer entranhas, tempo de cólicas soletrarem ventrais solidões. .
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