terça-feira, maio 05, 2009

O meu nick é Beat

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- Se pudesse reencarnar? Sem hesitar: reencarnava como beatnik...
- Ó meu imbecil, reencarnar não é voltar ao passado!
- Mas quem disse que os gajos já eram pasto?
- Hmm... Falas de um revival?
- O movimento nunca morreu, pá! Basta um tipo pôr-se a jeito, com guitarra e sacola às costas, meter-se à estrada... polegar em riste (um instinto que nasce com todos)... é quanto basta para te sentires transportar a chama olímpica. É um cena perene, uma comunhão que não se apaga...
- Entre outras coisas, acho que a ganza te faz mal.
- É um artefacto, para as horas vagas. Não vem daí mal ao mundo.
- Só coerência e discernimento, suponho... Mas olha lá, já leste o Kerouac? Ou o Ginsberg?
- Umas coisas. Aqui e ali. E na sacola levo o manual.
- Qual deles? O Pela estrada fora?
- Lógico. Brincas?
- E pensas ir aos Estates?
- Ya.
- De polegar em riste?
- Lá me hei-de desenrascar. Talvez arranje trabalho a bordo de um navio.
- O tramp steamer deu-te volta ao miolo, foi o que foi. Acabas é indo para a Noruega pescar bacalhau, que te quilhas.
- E era mau? Apeava-me nos portos e aventurava-me na senda de belas nórdicas a quem dedicar poemas, dedilhar acordes...
- Havias de dedilhar muito com os dedos rachados do frio.
- Fogo! Que cortes que tu me saíste...
- Ó meu, de amigo para amigo: acorda! Já vem sendo tempo.
- Sabes qual é o teu problema? O cagaço. Parece que te empalou de feição, a modos que nem morres, nem vives, nem deixas viver... Orienta-te, bolas. Não te excluas. Há lugar para ti. Para todos. Não me cortes é os sonhos pela raíz.
- 'Tou a ver. Já a erva te sai pela boca...

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