Orfeu e as feras
"Sorstalanság (Sem Destino)" de Lajos Koltai
"Orfeu sabia cantar melodias tão suaves que até as feras o seguiam, as árvores e as plantas se inclinavam na sua direcção e os homens mais rudes se acalmavam." [Pierre Grimal]
O que vem na mesma linha dos que dizem que a música pode ter um poderoso efeito calmante. E este pressuposto deu azo, ao longo dos tempos, a pérfidas aplicações. Os nazis, por exemplo, serviram-se dela para os seus propósitos assassinos. Sabe-se que nos campos de extermínio, usavam a música na gestão do stress e do medo que antecediam o envio dos reclusos para as câmaras de gás.
Em "Sorstalanság (Sem Destino)" de Lajos Koltai (baseado na obra homónima de Imre Kertesz, que a seu cargo também tomou a escrita do argumento), ao contrário de outros filmes sobre a vida (ou ausência dela) nos campos de concentração nazis, não se viam por ali altifalantes a debitar música. Esta surgia apenas em off, como banda sonora (assinada por Ennio Morricone) acessível apenas a nós, espectadores. Isto pode querer dizer alguma coisa...
Da citação de Pierre Grimal também se pode inferir que lá por alguém possuir sensibilidade suficiente para apreciar uma boa peça musical, não será isso, nem por sombras, que fará dela melhor pessoa ou mais sensível ou sequer mais civilizada. Consta que as altas patentes nazis (e não só) eram grandes apreciadores de música. Não de todos os géneros, claro. Para dar um exemplo: detestavam jazz. Música degenerada, por decreto oficial. Também aqui a hipocrisia de quem destila falsos moralismos: alguns, em privado, certamente melómanos desse e de outros géneros. Não sei se Hitler figurava nessa categoria. O que se sabe é que ele vibrava com Wagner e quando podia marcava presença no festival de Bayreuth. E de facto tinha razões de sobra para o seu wagnerianismo febril.
O que vem na mesma linha dos que dizem que a música pode ter um poderoso efeito calmante. E este pressuposto deu azo, ao longo dos tempos, a pérfidas aplicações. Os nazis, por exemplo, serviram-se dela para os seus propósitos assassinos. Sabe-se que nos campos de extermínio, usavam a música na gestão do stress e do medo que antecediam o envio dos reclusos para as câmaras de gás.
Em "Sorstalanság (Sem Destino)" de Lajos Koltai (baseado na obra homónima de Imre Kertesz, que a seu cargo também tomou a escrita do argumento), ao contrário de outros filmes sobre a vida (ou ausência dela) nos campos de concentração nazis, não se viam por ali altifalantes a debitar música. Esta surgia apenas em off, como banda sonora (assinada por Ennio Morricone) acessível apenas a nós, espectadores. Isto pode querer dizer alguma coisa...
Da citação de Pierre Grimal também se pode inferir que lá por alguém possuir sensibilidade suficiente para apreciar uma boa peça musical, não será isso, nem por sombras, que fará dela melhor pessoa ou mais sensível ou sequer mais civilizada. Consta que as altas patentes nazis (e não só) eram grandes apreciadores de música. Não de todos os géneros, claro. Para dar um exemplo: detestavam jazz. Música degenerada, por decreto oficial. Também aqui a hipocrisia de quem destila falsos moralismos: alguns, em privado, certamente melómanos desse e de outros géneros. Não sei se Hitler figurava nessa categoria. O que se sabe é que ele vibrava com Wagner e quando podia marcava presença no festival de Bayreuth. E de facto tinha razões de sobra para o seu wagnerianismo febril.
1 Comentários:
Por outro lado não é pelo facto de alguém obsceno gostar de um determinado compositor ou artista que isso o transforma obrigatoriamente num ser abjecto ...
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